Melissa Amaral

Mestre e doutoranda pelo PPGEGC/UFSC. Pesquisadora no grupo CoMovI em Empreendedorismo, ESG, Diversidade nas Organizações e Empoderamento da Mulher.


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Empreendedoras: será que elas foram as mais impactadas pela pandemia?

A Nubank divulgou essa semana a pesquisa Data Nubank sobre empreendedorismo feita em parceria com o BID e o SEBRAE. E adivinha quais foram as conclusões?

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Foto: Pixabay (banco de imagens)
Foto: Pixabay (banco de imagens)

No início de 2020 o número de mulheres que empreendiam vinha crescendo todos os anos. Em que pese ser uma boa notícia, muitas fechavam seus negócios em pouco tempo. Mesmo assim, as empreendedoras vinham aumentando ano a ano, o que nos dava uma boa expectativa a esse respeito.

O que ninguém esperava era que no meio do caminho desse crescimento apareceria uma pandemia que virou o mundo de todos e de todas de cabeça para baixo. Segundo a pesquisa da Nubank, somente no segundo trimestre de 2020 o número de empreendedoras caiu 15%. E por que isso aconteceu?

Resposta simples. Porque foram as mulheres que sentiram os maiores impactos da crise causada pelo Coronavírus.

Diversos motivos levaram a isso, entre eles o fato da dupla jornada que elas já enfrentavam, aumentar em função do home office. Creches e escolas fecharam e as tarefas de cuidado com crianças, idosos e doentes aumentaram, além disso, as oportunidades de emprego formal diminuíram. O que também pode ter impactado as empreendedoras é o fato de que as suas atividades são na maioria serviços pessoais como cabelereira, costureira e manicure, alojamentos como albergues e pensões e bares, restaurantes e comércio de rua, não por acaso essas são algumas das áreas mais impactadas pela pandemia em função do lockdowm.

De acordo com a pesquisa, a desigualdade entre os gêneros aumentou desde março do ano ado. Em 2020 a diferença de faturamento (receita média) entre negócios de homens e mulheres era de 10%, em 2021 essa diferença mais que dobrou, atingindo 23%. Um dos motivos pode ser o aumento da dupla jornada.

Em função do faturamento menor as mulheres guardaram menos dinheiro, e assim não tinham reserva de emergência. Como os negócios de mulheres são mais recentes elas também tiveram maior dificuldade de conseguir crédito e aí, sem economias e sem crédito ficaram sem opção para enfrentar a crise causada pela pandemia.

A dupla jornada não foi considerada a grande culpada apenas na pesquisa da Nubank, o banco GoldmanSachs também divulgou esse ano a pesquisa WomenNomics: o impacto da Covid-19 em 10 mil mulheres e 10 mil pequenos negócios, feita em diversos países do mundo. Essa pesquisa demonstra que a receita das empresas lideradas por mulheres caiu 66% no último ano (2020) e um dos principais motivos foi a dupla jornada. Essa mesma pesquisa mostrou que as empreendedoras brasileiras também foram as mais atingidas. Se no mundo, a taxa de empreendedoras que fechou o seu negócio ficou em média 3%, no Brasil a taxa foi muito maior: 12%.

Mas nem tudo é tão ruim. Nas crises, uns choram, outros vendem lenços. Se por um lado elas sofreram mais durante a pandemia, por outro elas se saíram melhor inovando ao encontrar caminhos para vender seus produtos e serviços. Uma pesquisa do SEBRAE indica que as mulheres empreendedoras concentraram suas vendas online e se saíram melhor que os homens. A flexibilidade de horários dos negócios online ajudou muito.

O empreendedorismo por necessidade tende a aumentar durante as crises e foi o que vimos nesses quase dois anos como desemprego em alta. As pessoas usaram a criatividade para inovar e receberam resultados positivos, como foi o caso dos empreendedores que migraram seus negócios para o digital.

Nesse caso, as mulheres foram as que venderam mais lenços.

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