Bolsonaro vira réu e deve acirrar o discurso contra o Judiciário
Ex-presidente disse que é vítima da "maior perseguição da história"
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou mais ânimo para atacar o Poder Judiciário depois de se tornar réu ao lado de sete ex-assessores por um suposto golpe de Estado, em decisão unânime, no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente assistiu ao segundo dia de julgamento no gabinete do filho Flávio Bolsonaro, senador pelo PL, do Rio de Janeiro, cercado por advogados e alguns aliados, como a senadora Damares Alves (republicanos-DF), que disse ter orado por ele, e preferiu não estar presente à sala de sessão do STF, que fica em um anexo à sede, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
O gabinete do senador não é muito longe do STF, mas a distância que Bolsonaro queria foi alcançada, pois, na terça-feira (25), viu a estratégia de ficar frente a frente com os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que preside a 1ª Turma, não surtir o efeito do constrangimento. Nas primeiras declarações após iniciado o julgamento, que decidiu aceitar a denúncia da Procuradoria Geral da República, Bolsonaro reiterou que querem deixá-lo fora da disputa de 2026 à Presidência e que é vítima “da maior perseguição da história”.
Nem o mais otimista dos advogados dos oito denunciados acreditava que o resultado fosse diferente na fase que transformou o grupo em réus. Mas um traço verificado no primeiro dia, quando fizeram as sustentações orais da defesa, ficou evidente: cada um isolou a própria argumentação, sem se referir aos demais coletivamente, o que poderia sugerir que era uma ação de corpo para a enfrentar as acusações.
Bolsonaro ganha um discurso forte para o dia 6 de abril, quando esta programada nova manifestação na Avenida Paulista, mais um evento chamado pelo ex-presidente e organizado pelo pastor Silas Malafaia. Outro objetivo será mudar a imagem deixada de que o número de participantes, em Copacabana, no Rio de Janeiro, não só deixou de alcançar os 500 mil pretendidos, como indicou uma perda na capacidacde de mobilização.
Quem são os oito réus

O julgamento na 1ª Turma do STF transformou em réus: Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil
Todos foram acusados de crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Os acusados negam que participaram dos fatos, tampouco que houve a tentativa de golpe.
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