Eduardo Leite prega um Estado menor e mais aberto em palestra a empresários de SC e RS
Governador do RS participou de uma edição especial promovida pelo Lide, em Florianópolis
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Algumas horas depois de anunciar que é pré-candidato à Presidência, em 2026, o governador Eduardo Leite, recém-filiado ao PSD, mostrou em números e realizações a mudança de gestão que promoveu no Rio Grande do Sul, que vinha de duas tragédias: uma istrativa, que levou o Estado ao fundo do poço financeiro, e outra climática, que vitimou mais de 180 pessoas e destruiu boa parte da infraestrutura.
Nesta quarta-feira (21), ele desembarcou em Florianópolis depois de um dia de atividades, que incluíram uma reunião mensal com os órgãos de Segurança Pública, estaduais e federais, para destrinchar diagnóstico e ações no combate à criminalidade. O governador quer ser uma via alternativa no processo eleitoral do ano que vem.
Leite foi convidado do Grupo de Lideranças Empresariais (Lide), que, de acordo com o presidente da entidade em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Delton Batista, já ouviu outros governadores (Jorginho Mello, do PL de Santa Catarina; Ronaldo Caiado, do União Brasil de Goiás; Romeu Zema, do Novo de Minas Gerais) e pretende reunir outros mais para mostrar diferentes soluções de gestão pública.
O governador gaúcho, primeiro reeleito da história no Estado vizinho, defende uma istração voltada para atender a população com investimentos, em que áreas como saneamento básico sejam concessionadas, como o fez com a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) e orienta prefeituras que não estejam no sistema a adotarem o mesmo caminho com apoio técnico do governo. Leite apresentou soluções na área Fazendária, que devolvem recursos à população (RS 1,27 bilhão) em cash back , a partir do incentivo para pedir a nota fiscal nas compras.
Os investimentos que Leite projeta para o Rio Grande do Sul são de R$ 46 bilhões, depois de ter zerado o déficit com estruturas do próprio Estado, que se arrastava por décadas e que levou à insuficiência de fundos para pagar os salários dos servidores públicos, em uma realidade onde há dois aposentados para cada funcionário da ativa. É este portfólio de governador que Leite quer levar para uma campanha presidencial, embora não desconheça a primazia do colega Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, em disputar o cargo.
Proposta diferente de governança
O projeto de Eduardo Leite na disputa ao Planalto pretende ser de conciliação e sem os embates da polarização, mesmo que no PSD entenda estar em uma sigla direita, muito mais próxima de Jair Bolsonaro (PL), mas com endereços na Esplanada dos Ministérios de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O terreno é minado na trilha que será seguida por Leite, que não apoiou nem Bolsonaro nem Lula, no segundo turno de 2022, onde viu naufragada a sua pretensão de disputar a eleição pelo PSDB e que gerou um atrito com o então governador João Doria Júnior, de São Paulo.
Se soube enfrentar uma enorme crise da crise, Leite, que viu, há um ano, em meio à recuperação da tragédia climática, aumentarem os investimentos privados no Rio Grande do Sul, pretende fazer a defesa de um projeto conciliatório para o país, que respeite as diversidades regionais, econômicas e culturais, ao entender que a sociedade é plural.
Presidente da Assembleia acompanhou o evento

Saudado pelo deputado Julio Garcia (PSD), presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, como uma grande revelação na política brasileira e “quiçá o futuro presidente”, durante a apresentação no evento do Lide, Leite sabe das barreiras que terá que transpor, uma delas a desigualdade histórica no atendimento do governo federal aos três estados do Sul.
Julio considera que é cedo para se falar de eleição presidencial e não acredita que os movimentos de Leite sejam uma pré-campanha, sem deixar de avaliar o quadro de seu partido como importante nome na disputa do ano que vem.
O empresário Alexandre Gadret, presidente do Grupo Pampa de Comunicação, do Estado vizinho, também fez uma saudação ao governador convidado.
Realidade que penaliza o Sul

Nas palavras do governador gaúcho, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná perdem espaço em benefícios para os estados do Sudeste, grandes arrecadadores de royalties do Petróleo, favorecidos pela densidade populacional, ou para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que ganham com isenção de tributos, como IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que barateiam o ao crédito de quem investe. O tema é histórico e escancara a terrível realidade enfrentada na divisão dos recursos pela União em relação ao que os estados do Sul arrecadam em tributos.
“Não prego que tirem nada que eles (os estados) já têm, mas o Sul deveria ser melhor contemplado”, repetiu Leite durante a rápida entrevista à imprensa e ao se dirigir à plateia que lotou o Rooftop Floripa Square, localizado no início da Avenida Beira-Mar Continental da Capital catarinense. O governador sabe que pregar regionalismo seria suicídio político junto a eleitores dos maiores colégios eleitorais, localizados no Sudeste e Nordeste.
A todo o instante de sua palestra, que se estendeu por 58 minutos, mas não foi maçante, Leite, que tem uma habilidade na oratória invejável, mostrou um traço de estadista que sabe reconhecer práticas e agradecer ao que lhe é ofertado, tampouco faz distinções por partidos, apesar de não entender como lógica e viável a proposta de gestão da esquerda, que sentencia como uma das responsáveis pela derrocada istrativa gaúcha.
O governador lembrou a ajuda que os catarinenses deram ao Estado que comanda, durante os efeitos nefastos da chuva há um ano, e citou o governador Jorginho Mello (PL) quando disse que troca informações sobre a ação da Defesa Civil de Santa Catarina, mais preparada e estruturada para a resposta às tragédias climáticas.
e placa marcaram o encontro

Após a palestra, o Lide fez um com o governador Eduardo Leite, onde participaram o presidente do BRDE do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior (ex-vice e governador do Rio Grande do Sul), e os empresários Fernando Marchet, presidente do Lide Economia SC e RS; o CEO do Floripa Square e presidente do LIDE Tendências, Valton Werner, e o executivo Marcelo Repetto, diretor da Claro Regional Sul.
O tema Desenvolvimento Econômico Sustentável: Oportunidades e Desafios para a Região Sul e o Futuro do Brasil, do Especial do Lide, foi destrinchado como fundamental e que vai muito além da questão ambiental. É uma questão de garantia de crescimento para o país, em um Estado ainda marcado por um grande inchaço na estrutura e permeado por insegurança jurídica, onde regras são alteradas por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) a qualquer instante, como frisaram Werner e Marchet.
Mas este ponto suscitou uma manifestação de Eduardo Leite, ainda durante a palestra, a de que “impeachment de ministro do STF não é a solução para nada”. Ele ressaltou que quem defende esta medida não percebeu que se vale para assegurar seus interesses políticos ou ideológicos hoje, servirá para os adversários “contra eles” algum dia no futuro. Leite quer que os magistrados da mais alta corte tenham mandato.
Ranolfo, do BRDE, que é delegado de Polícia Civil, explicou que o banco é uma das molas propulsoras do investimento na região e que está preparado para garantir saltos maiores para os governos e o empresariado no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, integrantes da instituição. Ao final do , o Lide entregou uma placa a Eduardo Leite em que lembra a resiliência e força do povo gaúcho nos recentes eventos extremos que enfrentou.
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