Morro dos Cavalos: uma tragédia constante e anunciada

Em maio de 2007, há quase 18 anos, foi lançado o edital para contratação da elaboração de um projeto para dois túneis, dois viadutos e proteção das encostas na região do Morro dos Cavalos na BR-101, em Palhoça. O projeto foi finalizado, mas como toda Santa Catarina sabe, ele nunca foi implantado. 

Como toda Santa Catarina sabe, vidas foram perdidas na região, acidentes paralisaram o trânsito, desastres ambientais já travaram a rodovia e ontem, mais uma tragédia evidenciou o óbvio: a região do Morro dos Cavalos é um risco constante para quem transita e a solução é óbvia, urgente e necessária. 

O tombamento de uma carreta carregada com álcool etílico, na tarde de domingo, 6, colocou em risco a vida de dezenas de pessoas, causou danos materiais ainda não mensurados, mobilizou equipes, provocou filas quilométricas e reacendeu uma pauta que precisa ser constante: o descaso de quase 18 anos com Santa Catarina precisa ter fim. 

Na contramão de uma situação crítica, que envolve não só a BR-101 mas também outras rodovias federais em solo catarinense, ao exemplo das BRs 282 e 280, o governo federal cortou R$ 400 milhões no orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), deste ano.

“Rodovia de qualidade é sinônimo de desenvolvimento. Esta não é a primeira vez que amos por este corte. Santa Catarina está sendo prejudicada com essa medida. É imprescindível que as obras avancem. Como é o caso da duplicação do Morro dos Cavalos – um dos principais gargalos logísticos de SC –, da duplicação da BR-280, que irá perder 50% do ritmo previsto, e das obras emergentes, como as vias marginais de Palhoça, que estão em fase final de validação e aguardam licitação.”

O alerta do deputado federal Luiz Fernando Vampiro foi feito na última semana de março, em Brasília.

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) por diversas vezes já se manifestou sobre a urgência de obras prioritárias. O Fórum Parlamentar Catarinense da mesma forma.  

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL),  esteve na noite de ontem no Km 233 da BR-101, onde ocorreu o último acidente e cobrou agilidade do governo federal.

“Um acidente grave ocorrido na BR-101, no Morro dos Cavalos, um ponto crítico da rodovia. Felizmente não tivemos vítimas fatais. O governo federal precisa resolver essa pendenga que tem com Arteris, que é a construção de um túnel. Eu sei que é caro, que custa R$ 1,2 bilhão. Agora, o que não pode é Santa Catarina continuar sendo prejudicada pela falta desse túnel. Eu estou cobrando do governo federal e vou continuar cobrando essa solução. Solução que já ou do tempo, já ou da hora. Nós precisamos encontrar o caminho, isso não pode continuar acontecendo”, disse o governador.

Reincidência

Em abril do ano ado, o Morro dos Cavalos também teve o trânsito paralisado quando um deslizamento de terra trancou a rodovia por dias. O ministro dos Transportes do Brasil Renan Filho esteve na região poucos dias depois, exatamente no dia 18 de abril do ano ado, e afirmou que a construção de túneis era uma alternativa e que uma reavaliação dos contratos em vigor entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Arteris era importante.

Novela

No começo deste ano a ANTT anunciou que iria  protocolizar, ainda em fevereiro, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), uma proposta com as obras prioritárias para Santa Catarina para execução imediata. Dentre as prioridades, o famoso túnel do Morro dos Cavalos. Depois foi anunciado que o encaminhamento seria em março. Estamos em abril e a proposta ainda não chegou ao TCU. Segundo o deputado federal Valdir Cobalchini (MDB), ex-coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, o novo prazo é 15 de abril.

Santa Catarina é o quinto estado que mais arrecada impostos no país, porém é  o 24º na hora de receber os rees federais. Se por um lado o governo do Estado fala em garantir obras prioritárias, até mesmo apostando mais velocidade na execução do que o governo federal, como o fez com relação à Via Mar, no litoral norte, por outro lado é preciso também bater nas portas de Brasília quantas vezes for necessário. A união de esforços precisa ser maior que as diferenças políticas.

a governo, sai governo e Santa Catarina segue aguardando efetividade nas rodovias federais. Nesse ritmo, seguiremos notícias tragédias.

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