Sol Urrutia

Primeira mulher comentarista política do grupo SCC SBT/SCC10. Jornalista especializada em gestão de comunicação pública e privada. Atua em comunicação política e eleitoral desde 2002.


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VOTO FEMININO

Só o voto da mulher não muda a política nem aumenta a representatividade feminina

No Brasil, se nada for feito, seguiremos comemorando datas como a de hoje sem grandes novidades e olhando pelo retrovisor da história

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Foto: divulgação TRE/SC
Foto: divulgação TRE/SC

Todo ano a mesma história e novos números. Há 93 anos, as mulheres conquistaram o direito ao voto no Brasil. Fato que marcou avanços importantes, mas que em quase um século ainda não garantiu a representatividade efetiva das mulheres no campo político.

O que os últimos 93 anos mostraram para a história? Principalmente que não é só o voto da mulher que vai mudar a política. É a sociedade que precisa mudar e abrir o voto para a igualdade e o respeito.

Se o voto feminino garantisse participação mais ampla, já seríamos maioria. As mulheres representam 52,47% do eleitorado brasileiro. No entanto, há um longo e desafiador caminho a percorrer. Na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, as mulheres são 15% e 12%, respectivamente.

A falta de mulheres na política limita o debate e não garante eficácia para assegurar que políticas públicas atendam às necessidades específicas das mulheres. Aqui em Santa Catarina, 31 cidades não têm mulheres nas suas respectivas Câmaras de Vereadores na atual legislatura. No Brasil são 775 municípios, segundo os dados do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE).

Um avanço para mudar essa realidade talvez venha da nova versão do código eleitoral que tramita no Senado, e que está pronta para ser votada. Uma subemenda prevê que 20% das vagas no legislativo sejam garantidas para as candidaturas femininas.

A expectativa é de que o projeto completo, que tramita há mais de três anos no Congresso, seja analisado e votado em breve. Os 20% seriam válidos também para as Assembleias Legislativas e para o Congresso Nacional. Um avanço pequeno, porém, mais do que necessário.

Em outros países, a exemplo da Espanha, a garantia de cadeiras no legislativo e no executivo garantiu mudanças efetivas. No país, as mulheres representam 42% das Câmaras parlamentares, 64% do Conselho de Ministros e 39% dos órgãos deliberativos locais. No governo, os cargos ocupados por mulheres chegaram a 45,7%.

É claro que entre o sistema parlamentarista espanhol e a realidade presidencialista brasileira existem diferenças gigantescas, mas, de fato, o movimento por representação ganhou voz e adesão por lá.

No Brasil, se nada for feito, seguiremos comemorando datas como a de hoje, 93 anos do voto feminino, sem grandes novidades e olhando pelo retrovisor da história. A mudança a por ações de futuro que dependem das decisões e votos de homens e mulheres.

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