Pai acusado de sequestrar a filha fala pela primeira vez após sair da prisão: “Errei no desespero para protegê-la”

Anderson Rafael Hasse, acusado de sequestrar a própria filha em março deste ano, foi solto após 62 dias de prisão. Nesta quinta-feira (22), ele apareceu publicamente pela primeira vez desde a detenção, em um vídeo divulgado nas redes sociais do advogado Paulo Ascenção, com quem compartilha a defesa do caso.

Na gravação, Anderson e o advogado comentam sobre a soltura e a expectativa para que os fatos sejam devidamente esclarecidos. O homem afirma que sua atitude foi motivada por um desejo de proteger a filha e promete apresentar documentos e provas que sustentariam suas denúncias.

“Julgar uma atitude desesperada é fácil, né? Mas só eu sei o que ouvi da minha filha”, afirmou Anderson no vídeo. “Quantas vezes ela chorou para não ter que ar por isso de novo, quantas vezes ela contou nos órgãos competentes e, infelizmente, a gente não foi ouvido.”

O advogado Paulo Ascenção defendeu a motivação do cliente: “O Anderson, depois de 62 dias, está fora da prisão. Agora ele vai começar a entrar no mérito do que aconteceu. Eu, como advogado, jamais poderia defendê-lo se soubesse que a menina corria algum risco. E eu sei que não corre. Ao meu ver, ele é um pai herói.”

Ainda no vídeo, Anderson ite que errou, mas que agiu movido pelo desespero. “Eu tentei de todas as maneiras legais que pude, mas a gente não conseguiu ser ouvido. Eu sei que errei, mas errei tentando proteger a minha filha. Agora, em liberdade, a gente pode sentar com calma, colocar as provas na mesa e organizar tudo certinho com o doutor que está me ajudando.”

O advogado reforça que a defesa tem documentos que comprovariam as alegações da filha e que o próximo o é buscar que a Justiça avalie o caso de forma completa. “Foi uma luta grande até aqui. Choramos juntos no presídio, rimos juntos, e agora é só alegria. Vamos tentar que a Justiça seja feita.” Assista ao vídeo:

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O caso teve ampla repercussão na época da prisão, sendo acompanhado de perto pela equipe do SCC10. A defesa de Anderson promete conceder entrevistas e apresentar mais detalhes nos próximos dias.

Relembre o caso:

Bianca, de 8 anos, foi sequestrada pelo pai, Anderson Rafael Hasse, em 1º de março, em Blumenau, Santa Catarina. Após 15 dias foragido, ele se entregou com a filha no 11º Distrito Policial da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Ao se apresentar à polícia, Anderson alegou que fugiu com a criança para protegê-la de abusos cometidos pelo avô materno desde os três anos de idade.

Mariane contesta a versão do ex-companheiro e afirma que a denúncia foi inventada por ele após perder a guarda da menina. “Desde que pedi o divórcio, sempre foi muito turbulento. Ele fez várias acusações contra mim e minha família, mas nunca conseguiu provar nada. Como eu sempre digo: não há como provar algo que nunca existiu”, declarou.

O que diz o Creas:

Quando questionado sobre o caso em março, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), informou que a família está sendo acompanhada desde 2021.
“O Creas é o serviço que oferece apoio, orientação e acompanhamento a famílias e indivíduos em situação de possível violação de direitos. Por envolver menor de idade, o processo fica em segredo de justiça na Vara da Família e, por isso, detalhes sobre o atendimento não podem ser compartilhados. É bom reforçar também que todas as decisões que permeiam a situação são judiciais, inclusive sobre a inserção da família no serviço do Creas.”

Fuga premeditada

Três meses antes do sequestro, Anderson começou a vender seus bens, incluindo carro e instrumentos musicais. Além disso, obteve um empréstimo bancário e sacou cerca de R$ 60 mil em espécie. Para dificultar o rastreamento, descartou o celular e desapareceu sem deixar pistas.

Mariane só descobriu o desaparecimento da filha após o feriado de Carnaval, quando foi à escola e soube que a menina não havia comparecido às aulas, contrariando o combinado.

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