Papa Francisco morre aos 88 anos; conheça a trajetória

O Papa Francisco morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21), na residência onde morava no Vaticano, na Casa Santa Marta. O pontífice se recuperava de um quadro grave de pneumonia bilateral — infecção que afeta os dois pulmões e dificulta a respiração. Ele chegou a ficar internado por 38 dias, mas retornou para casa, onde seguia em recuperação.

O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Câmara Apostólica.

“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, disse o cardeal.

Ainda conforme o comunicado do Vaticano, Francisco pediu que os ritos fúnebres “fossem simples e focados na fé da Igreja no Corpo Ressuscitado de Cristo”.

Doença avançou rapidamente

No dia 14 de fevereiro, o Papa Francisco foi internado após apresentar um quadro de bronquite, que evoluiu para uma pneumonia bilateral. Os médicos diagnosticaram uma “infecção polimicrobiana”, caracterizada pela presença simultânea de diferentes microrganismos no organismo.

Desde sua hospitalização, fiéis ao redor do mundo se mobilizaram em vigílias espontâneas pela sua recuperação. Em Roma, grupos de católicos se reuniram em oração, enquanto em Buenos Aires, cidade onde o pontífice atuou como arcebispo, a comoção também se faz presente.

“Pastor simples e muito amado”

Simplicidade e misericórdia definem o Papa Francisco em um texto do Vaticano. Segundo a Igreja Católica, ele foi um pastor simples e “muito amado na sua diocese”. Ele afirmava que “o meu povo é pobre e eu sou um deles”.

Filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 1936. Ele ingressou na Companhia de Jesus em 1958 e dedicou-se ao estudo da filosofia e teologia, tornando-se professor e ocupando diversos cargos na ordem jesuíta, incluindo o de provincial da Argentina.

Em 1998, Bergoglio tornou-se arcebispo de Buenos Aires e, em 2001, foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo II. Seu estilo de vida simples, defesa dos pobres e distanciamento das elites o destacaram dentro da Igreja, preparando o caminho para sua eleição ao papado.

Em 13 de março de 2013, Bergoglio foi escolhido como o 266º Papa, sucedendo Bento XVI, que renunciou ao cargo. Adotando o nome Francisco, inspirado em São Francisco de Assis, tornou-se o primeiro Papa latino-americano, jesuíta e não europeu em mais de 1.200 anos.

Modernização e integração

Ao longo de quase 12 anos de pontificado, o Papa Francisco tem sido uma figura central na modernização da Igreja Católica. Como primeiro pontífice latino-americano e jesuíta, ele trouxe uma abordagem pastoral mais próxima dos fiéis, promovendo reformas significativas e enfrentando desafios internos e externos.

Seu papado trouxe mudanças significativas, incluindo reformas no Vaticano com a criação de mecanismos para combater a corrupção e aumentar a transparência financeira. Francisco adotou uma postura progressista, promovendo diálogos sobre temas como a comunidade LGBTQIA+, mudanças climáticas e desigualdade social.

Além disso, priorizou uma Igreja mais ível, simples e comprometida com os pobres, e mediou conflitos internacionais, incentivando a paz, especialmente entre Cuba e os EUA.

Embora popular, Francisco enfrentou resistência dentro da Igreja. Setores conservadores criticaram suas mudanças na doutrina e seu posicionamento em questões como os escândalos de abuso sexual, nos quais implementou medidas para punir os culpados, mas recebeu críticas por respostas consideradas insuficientes.

O pontífice também enfrentou oposição de grupos ultraconservadores que consideram seu papado “liberal demais”.

Seus principais legados incluem o fortalecimento da opção preferencial pelos pobres, reformas na istração e combate à corrupção no Vaticano, posicionamento firme contra as mudanças climáticas e incentivo ao diálogo inter-religioso e à paz mundial.

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