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Desafio urbano

Luciano Hang promove live sobre população de rua e cobra ações mais firmes de prefeitos

Empresário alertou para crescimento do problema no país e destacou iniciativas de Chapecó como exemplo a ser seguido

• Atualizado

Olga Helena de Paula

Por Olga Helena de Paula

Tamiris Flores

Por Tamiris Flores

Luciano Hang promove live sobre população de rua e cobra ações mais firmes de prefeitos | Imagem: redes sociais
Luciano Hang promove live sobre população de rua e cobra ações mais firmes de prefeitos | Imagem: redes sociais

O empresário Luciano Hang realizou na noite desta quarta-feira (28) uma live em seu perfil no Instagram para debater o avanço da população em situação de rua no Brasil. A transmissão contou com a participação de autoridades que apresentaram ações implementadas em seus municípios, como o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), e o secretário de Assistência Social de Florianópolis, Bruno Souza (Novo).

Durante o debate, Hang expressou preocupação com o aumento expressivo do número de moradores de rua no país — que cresceu 25% no último ano e multiplicou 14 vezes nos últimos 11 anos. “É inaceitável que uma cidade com tantos empregos tenha tantas pessoas em situação de rua. O Brasil pode se tornar uma grande cracolândia”, alertou. Ele também criticou a falta de engajamento de algumas gestões municipais com o tema.

João Rodrigues, prefeito de Chapecó, compartilhou os resultados do modelo adotado na cidade, que combina internação involuntária de dependentes químicos com tratamento, qualificação e reinserção no mercado de trabalho. Segundo ele, o município reduziu drasticamente o número de pessoas nas ruas. “Tínhamos cerca de 400 pessoas, hoje quase não temos mais. Alguns chegavam a arrecadar até R$ 5 mil com esmolas para sustentar o vício. Foi necessário ter coragem para enfrentar isso”, destacou.

Luciano elogiou a atuação da prefeitura de Chapecó e relatou um caso recente em que uma pessoa em situação de rua furtou uma cancela de estacionamento em uma megaloja da Havan em São José (SC). O empresário anunciou uma recompensa de R$ 10 mil para quem fornecer informações que levem ao responsável pelo furto.

Juliana Pavan, prefeita de Balneário Camboriú, também participou da live e detalhou as ações do município no enfrentamento do problema. “Quando eu fui eleita e comecei meu mandato esse ano, eu já abordei esse tema. Eu deixei claro: ‘na rua, não!’”, afirmou. Ela destacou que a partir desta quinta-feira (29), a cidade lançará um novo programa social permanente e reforçou a importância de a população não dar esmolas. “Estamos projetando com responsabilidade e dentro da legalidade o projeto de internação involuntária, em diálogo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC)”

Juliana também relatou que no início de sua gestão houve um aumento significativo no número de pessoas em situação de rua, o que motivou a intensificação das abordagens sociais e acompanhamentos. “Aqui temos pequenos furtos de fiação elétrica para manter o vício, mas se isso está aumentando é porque tem receptadores. Então estamos intensificando a fiscalização em ferros-velhos e tudo o mais”, acrescentou. A prefeita informou ainda que a cidade já comprou mais de 400 agens para que essas pessoas retornem aos seus municípios de origem. “É um trabalho que estamos fazendo e que precisa ter continuidade e ações de prevenção”

Bruno Souza, secretário de Assistência Social de Florianópolis, também compartilhou sua experiência e relatou uma mudança pessoal de perspectiva ao assumir o cargo. “Quando eu comecei, eu tinha uma visão mais romântica do caso. Eu distribuía comida e tudo o mais, mas agora tenho uma visão diferente e mais social. Hoje eu tento conscientizar as pessoas a não dar esmola, pois isso fortalece o aumento das pessoas em situação de rua”

Ele destacou que o principal problema enfrentado nas ruas não é a fome, mas a dependência química — um ciclo que, segundo ele, é alimentado pelas esmolas. “Quem dá esmola está tornando a pessoa invisível para a assistência social”, afirmou.

Bruno relatou ainda um episódio que publicou em suas redes sociais: “Hoje postei um vídeo nas minhas redes. Fui abordar um sujeito no semáforo. Um jovem de 29 anos, vindo do Rio de Janeiro, sem nenhum problema aparente, com uma plaquinha aceitando Pix. Quando o abordo, o cara disse: ‘Pô, CLT é foda, porque aí eu perco o Bolsa Família’. Ele tá há um mês na rua, ganhando dinheiro. Faz R$ 150 por dia e ainda recebe o Bolsa Família”

Bruno também destacou que o aumento da população em situação de rua é um problema crescente no país. “O Brasil sempre teve pobres e miseráveis, mas hoje temos muitas pessoas em situação de rua. A população de rua cresce a uma taxa de 20% ao ano”, afirmou.

Luciano parabenizou o trabalho de Bruno Souza e reforçou que é fundamental o envolvimento dos políticos na construção de soluções para o problema.

Um problema de toda a sociedade

Roberto Azevedo, comentarista político do SCC SBT

O que envolve o preocupante crescimento do número de pessoas em situação de rua nas principais cidades catarinenses não está apenas à ação do poder público, depende de uma conscientização de toda a sociedade. E este foi o ponto reiterado na live, via redes sociais, promovida pelo empresário Luciano Hang, que abriu a transmissão como uma frase forte: “Devemos evitar que o Brasil se transforme em uma Cracolândia!”.

Para dar força à necessidade de enfrentamento da situação delicada, Hang chamou dois prefeitos, João Rodrigues (PSD), de Chapecó, e Juliana Pavan (PSD), de Balneário Camboriú, e o secretário Bruno Souza (Assistência Social, de Florianópolis) que relataram a verdadeira batalha diária que travam para tirar das ruas os mais diversos casos humanos, um misto de vulnerabilidades provocadas por questões mentais e a dura realidade do declínio provocado pelas drogas.

No resumo dos problemas há o apelo por não dar esmolas aos que perambulam pelas ruas, uma forma de fomentar o uso de drogas, como relataram os convidados de Hang e o próprio empresário. O caminho da ajuda é bem-vindo, mas há um conflito cotidiano com os que esperam pelo atendimento das prefeituras e entidades e não estão dispostos a mudar hábitos ou garantir uma ocupação digna. O dilema exige a participação da sociedade.

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